As informações são de Luciano Holanda, presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás do Ceará (Sincegás). “Além do reajuste da Petrobras, no dia 1º de novembro a Sefaz (Secretaria da Fazenda) determinou acréscimo de R$ 0,61 por botijão. Nós ainda não repassamos esses valores para o consumidor, porque ainda estávamos com o estoque antigo, mas segunda já começa a vigorar o preço mais elevado”, comenta. Desde janeiro, a Petrobras reajusta o gás trimestralmente. Em janeiro e abril, os valores foram reduzidos e em julho, elevados.
De acordo com o presidente do Sincegás, desde 2016 os aumentos no preço do produto têm sido constantes e “nem tudo é repassado para o consumidor”. “Os revendedores arcaram com parte”, aponta. No período, conforme Holanda, houve uma retração das compras em cerca de 8%.
Para não ter perdas de receita, comerciantes do Centro de Fortaleza que dependem diretamente do gás para produzir os alimentos vendidos têm montado estratégias. Consumindo três botijões por semana, o vendedor de batatinha frita Jefferson Ferreira Gomes, 30, não repassa o aumento do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) para o preço da batatinha.
“Em compensação, diminuo a medida. Antes usava um copo de 180 ml, hoje é um de 150 ml. Continuo vendendo por R$ 2, mas ainda assim, se continuar aumentando, a batatinha vai ficar mais cara”, lamenta. Ele compra o produto por R$ 65, devido à quantidade, mas já foi informado que o valor passará para R$ 70.
As precificações são semelhantes aos que a cozinheira e vendedora de acarajé Ieda Gonçalves, 54, encontra. “Com esse aumento, claro que influencia, mas a gente não coloca pro consumidor. Na medida em que eu permaneço com meu preço, a venda aumenta. Aí cobre o valor. É a estratégia, porque se eu for repassar todo o aumento que eu tiver, vou perdendo cliente”, entende.
Ela gasta no carrinho de acarajé cerca de três botijões por mês. Em casa, o gás, que também é usado nos preparos dos insumos do quitute, não passava de 20 dias. Mas Ieda achou uma solução. “Há 15 dias gastei R$ 1,2 mil em uma fogão ecológico, em que uso a quenga seca do coco como fonte de calor. Só não uso ele pra fazer o vatapá (do acarajé) que ainda é no fogão convencional. Mas pelo preço que o botijão vai, vou tirar esse investimento rapidinho”.
Antônio Carlos Monteiro, 36, lembra com saudade o tempo em que o botijão era R$ 50. “Isso já faz uns quatro anos. Era um preço razoável. Nesse tempo, a gente vendia a pipoca a R$ 1, hoje por R$ 2 e do jeito que vai é capaz de ter de aumentar. O negócio tá cada vez mais apertado, dificulta demais o nosso trabalho”.
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